DO POUCO QUE LEMBRO DA MINHA INFÂNCIA (acho que culpa dos anos 90 - depois conto...), sei que sempre tive mania de inventar sanduíches, de toda forma. Quando criança, adorava uma fatia de goiabada entre dois biscoitos maizena (não servia o biscoito Maria pois quebrava no meio, a forma do biscoito maizena era mais adequada às mordidas...), criando um biscoito recheado próprio, particular. Eu considerava que tinha inventado um "sanduiche-sobremesa", dando provas de minha pretensão desde criança. Também em versão mineira, de goiabada com queijo, para momentos mais sofisticados...
E de repente descobri que mantenho esta mania, pois adoro por recheio em tudo. Desde um sanduíche prosaico até a polenta mole em potinhos, que recebem uma camada de polenta, outra de ragu de ossobucco e outra de polenta. Ou então os dois filezinhos de peixe sobrepostos recheados com espinafre, praticamente um sanduíche marinho. A versão quente de uma salada caprese, onde uma larga fatia de mozzarella de búfala com folhas de manjericão intercala duas fatias de tomate caqui e sal , 7 minutos no forno altíssimo e está pronta uma entradinha-sanduíche. O risotto que sobrou virou um riso al salto, na forma de um "hambúrguer" recheado por queijo grana padano em profusão - e garanto, tem quem goste mais dele assim do que recém feito
E ontem eu cheguei meio tarde em casa, estava com fome mas sem paciência para uma refeição muito complexa. E não queria sujar muita coisa para preparar algum prato, minha cozinha é totalmente aberta para a sala, não estava afim de conviver com a bagunça gerada por um jantar complicado. Encarei o interior da geladeira, como se a luz da mesma me iluminasse com alguma idéia original, prática e saborosa. E não é que ela respondeu à altura? Peguei uma cebola, meio alho poró, um tomate já maduro porém ainda íntegro (ao contrário de mim, maduro porém...deixa para lá), 4 ovos e um pouquinho de ementhal. Bati as 4 claras em neve mesmo geladas, e tomaram corpo com umas pitadas de sal. Acrescentei as gemas e 2 colheres de ementhal ralado, pimenta do reino branca moída, raspas de noz-moscada e meia colher de café de fermento em pó. Dois fios de azeite lambuzaram o fundo de uma frigideira larga e quente, onde derramei a mistura de ovos, abaixando o fogo para deixa-lo brando pelos próximos 12 a 15 minutos. Tampo parcialmente a frigideira, enquanto em um bowl misturo as cebolas e alho-poró em fatias finas, o tomate sem sementes em tiras, misturei um pouquinho de salsinha e acrescentei uma lata de um excelente atum português que um amigo me trouxe da Terrinha. Provo o sal, lasco um pouquinho de pimenta e um pouco de azeite. Destampo a frigideira e os ovos viraram um quase souflèe, fofo, alto.
Deito a mistura de atum sobre metade da omelete, dobro-a ao meio sobrepondo a parte vazia sobre a parte com recheio, tampo por mais 3 minutos com fogo baixíssimo, et voilá! Uma omelete recheada que mais parece um taco...a tal mania de recheio manifesta-se há alguns anos, e pelo visto não vai sumir tão cedo.
É uma refeição e tanto, assim como o riso ao salto. Completa, proteica, e ainda por cima recheada. Quer mais?