Eu não podia de deixar de colocar a colher em panela alheia...leio esta semana que Michel Teló ganhou um prêmio de música (Prêmio Mais Mais, o que quer que seja isto). Em seguida, vejo a atuação constrangedora de todos no VMB 2012, com destaque - em prêmios - para Gaby Amarantos. Não, eu me recuso a compactuar com isto. Não vou falar que gosto do Teló ou da Amarantos apenas para parecer moderno e não soar como careta e reacionário - ao contrário. Acho a música de quinta categoria, as letras (letras?) infames, a estética vagabunda e copiada, não tenho paciência com isto.
Lembrei-me de uma grande amiga, culta até a última raiz de seus cabelos eternamente pintados, que, frente a uma instalação de incensado artista brasileiro - que consistia em fios de lã fazendo pendurados no teto da galeria, desenhando uma parábola - saiu-se com a seguinte pérola : "vamos embora daqui o mais rápido possível. Não gosto de ser taxada de antiga ou burra apenas por criticar um trabalho ruim e pretensamente moderno."
E é isto. Em nome da modernidade, tenho visto muita coisa ruim na MPB. Aquela insuportável da Joelma com seus trinados ridículos, uma grande gama de rappers brasileiros copiando descaradamente o pior do rap/hip hop norte-americano, uma cantora que se denominé "a Beyoncé do Pará" como se isto fosse alguma coisa boa, um cantorzinho insuportável como Luan Santana, bobagens como a grande maioria das coisas exibidas nos prêmios supra-citados. Não são bons cantores, não são originais, e espero estar certo, mas serão página virada na história em breve. No máximo, serão lembrados como coisa "exótica ou kitsch", mas nem isso mereciam. Querem parecer modernos? Sejam originais, mesmo regravando algo ou revisitando um clássico - como fez Kevin Johansen ao transformar a música de David Bowie em outro produto, diferente do original, mas de qualidade.
Isto me veio à cabeça depois de ver por duas vezes um chef que deve ter tirado terceiro lugar em alguma competição -o que deve ter lhe valido o sobrenome - refazer em um programa horroroso alguns pratos clássicos da culinária popular, sob a estética moderninha. E conseguiu transformar o pato no tucupi - um dos pratos mais marcantes da culinária brasileira - em uma coisa cafona, com um milhão de informações no mesmo prato, com uma bula complexa e de execução pretensamente contemporânea. E todos, com medo de dizer que o o rei está nu, tecem loas e interjeições de espanto, na qualidade de arautos do modernismo gastronômico.
Ser moderno é mais do que isto. É ser ousado com qualidade, perceber a síntese do produto e expô-la, ser radical, irreverente e ousado - mas ser original antes de tudo. E não tentar ser moderno para sê-lo, pois isto é apenas patético. E pretensioso.
Ser moderno é mais do que isto. É ser ousado com qualidade, perceber a síntese do produto e expô-la, ser radical, irreverente e ousado - mas ser original antes de tudo. E não tentar ser moderno para sê-lo, pois isto é apenas patético. E pretensioso.